Disponível em: https://blog.emania.com.br/microfone-de-mao-e-condensador-diferenca/ |
Claro que ainda existem algumas posições que me irritam, porque eu acho que é isso mesmo: o ser humano faz besteira onde quer que esteja, e as pessoas que lutam dentro de suas classes não estão de fora, e alguns fazem besteiras. Calma, não estou atacando as minorias, veja bem. O que estou dizendo é que respeito o direito ao protagonismo de cada classe, mas não acredito que eu esteja vetado de falar sobre suas pautas para sempre e em todo lugar. Já me foi dito, por exemplo, que eu não tinha o direito de achar uma mulher negra bonita. Aí realmente não concordo com essa exclusão da minha fala (ou nesse caso, da minha percepção de beleza), até que alguém me forneça argumentos lógicos o suficiente para me convencer do contrário. No entanto, reconheço que falar é uma coisa, protagonizar é outra.
Cada um tem o seu lugar de fala, e eu vou falar do meu, por enquanto. Sou professor, e tenho respaldo, pela minha vivência, das "dores e delícias" de ser professor. Não aceito que certos movimentos ditem as mudanças que MINHA CLASSE terá obrigação de cumprir! É um ultraje! Quem tem o conhecimento necessário, quem vive a educação, quem sofre suas mazelas, e, principalmente, quem estudou para educar, é o educador! É o professor! Então eu posso! É meu lugar de fala! "Ah, então quer dizer que eu não posso dar minha opinião sobre o assunto?" PODE! PELO AMOR DE DEUS, DÊ! Mas não cabe a você, não educador, decidir, protagonizar uma discussão sobre educação, e principalmente, o que mais fere, vetar a voz do educador! Quem pode protagonizar um debate sobre educação sou eu e os meus, ou seja, se um não educador quer opinar, é bem vindo, mas ele não pode estar adiante, não pode tomar decisões e não pode falar por mim! Um problema seríssimo da gestão do país, por exemplo, é que existem diversas pessoas decidindo pelos interesses de determinados grupos de indivíduos, mesmo ausentando-se destes grupos.
Da mesma forma que eu tenho meu lugar de fala como educador, outras pessoas têm seus lugares, e sabem do que estão falando. Por exemplo, eu posso falar de feminismo, mas jamais saberei o que é sentir na pele, como mulher, as desgraças do machismo. Portanto, se eu estiver diante de uma mulher falando sobre feminismo, primeiro ela, depois eu. Ela decide, ela sabe o que ela vive. Outro exemplo, eu posso falar do movimento negro, mas jamais saberei como é viver sob ameaças de todos os tipos. Mas uma coisa que eu não posso deixar de fazer é, na ausência desses sujeitos, deixar passar, por exemplo, uma piada racista. Aí é o momento de ser uma engrenagem a menos dessa máquina do preconceito e da opressão. Resumindo, fale sobre o que você quiser, dependendo de onde você estiver e dependendo de quem estava falando antes de você.
Mas essa é só minha opinião, então vamos aprender com quem sabe:
Comentários
Postar um comentário