Gestores políticos querem números (alfabetizações, conclusões de ensinos fundamental e médio, ingressos no ensino superior) para arrotar nas campanhas eleitorais que estão fazendo um bom trabalho.
Gestores de unidades escolares públicas são pressionados pelos gestores políticos a obter estes números, custe o que custar.
Professores das redes públicas são pressionados e coagidos a obter números pelos gestores de unidades escolares.
Professores e gestores, desde a educação infantil, inflam os "números" de sua unidade escolar, ainda que o educando não tenha alcançado os objetivos de sua série (200 milhões de "estratégias de recuperação" que, na maioria das vezes, dão pontos com pouca ou nenhuma avaliação qualitativa, simplesmente para fazer crescer a nota; e o maldito "conselho de classe", que aparentemente aprova sem critérios, no lugar de avaliar casos isolados de educandos especiais/esforçados/dedicados, que não alcançaram a "média" necessária{se fosse assim, seria bendito, necessário}).
O educando, seja em qual nível for, aprende então que o que vale é a lei do menor esforço, uma vez que os que não estudam passam adiante (e os que estudam são taxados de nerds, cdf's, otários, bestas), e então "Não precisa estudar. Eu passo no conselho", dizem eles na sua cara, sem o menor pudor.
Educandos chegam ao Ensino Fundamental II inaptos socialmente, propedeuticamente (muitos deles semianalfabetos ou analfabetos funcionais; com pouco ou nenhum domínio das operações matemáticas básicas; etc), irresponsáveis quanto à rotina escolar (ou qualquer itinerário de responsabilidades sociais, familiares, do mundo do trabalho), desrespeitosos... dentre outros despreparos (e aqui é o momento dos educadores que recebem esse educando acharem um absurdo que ele chegue ao sexto ano nestas condições) decorrentes justamente da aprovação descriteriosa. Estes mesmos educadores são forçados a aprovar aqueles mesmos educandos que chegaram ao ensino fundamental II despreparados. Estes últimos continuam despreparados, continuam sem a menor vontade de estudar (porque sabem que passam no final do ano, e se repetir uma série "não dá nada") e continuam sem perspectiva de futuro.
O passo anterior se repete no ensino médio.
Uma enxurrada de números é gerado por esse pacto de mediocridade, e enquanto aparentemente existem cada vez mais pessoas alfabetizadas, na realidade existem cada vez mais pessoas com a ficha 19 cheia, e o "currículo intelectual" vazio (não sei se foi a melhor comparação, mas foi o que pensei agora).
Cruelmente, esses sujeitos são jogados de qualquer jeito, despreparados, no mercado de trabalho, nos cursos técnicos, cursos superiores. O impacto, só posso imaginar, deve ser gigante.
Os educandos recém-chegados da educação infantil olham para os seus predecessores e aprendem rapidamente que não vale a pena o esforço: na escola, "passam de ano sem estudar", e depois da escola o "estudo não serve de nada". Já ouvi essas frases dos próprios alunos.
De minha parte, avalio justamente (segundo meus critérios, que podem muito bem estar errados!), reprovo ou aprovo segundo as condições de cada um. Resisto até o fim para não fazer parte desse processo de destruição intelectual. No fim, impotente, vejo aqueles que mal conseguem interpretar um texto e respondem "explique o motivo de..." com "sim" (isso é só um fragmento da real situação de muitos educandos, e mostra que o problema, mais do que ser falta de conhecimento em ciências, é de interpretação de texto!) sendo aprovados. Uma tristeza que me dói: não é que eu queira que este sujeito repita de ano, mas gostaria sim que ele crescesse e evoluísse, se interessasse, se esforçasse, se tornasse um adulto capaz de enfrentar esse mundo tão cruel utilizando corretamente as ferramentas obtidas durante a idade escolar. Infelizmente, muitos deles tornam-se somente números.
Disponível em: https://tenor.com/view/snowball-minions-gif-4355719 |
Essa é a minha opinião, mas pode ser que eu esteja errado. Quem sabe?
Tem texto sério com GIF de minions, sim!
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