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CD-R CD-RW



          

          Pros jovenzinhos do futuro (>2000) que porventura lerem isso aqui: Num passado distante (kkk mentira) existiam artefatos capazes de transmitir dados de um aparelho eletrônico para outro, os chamados CDs. Um tipo de CD pode ser gravado uma vez, e não pode ser regravado, o chamado  CD-R  (Compact Disc Recordable), e outro tipo podia ser gravado, apagado, regravado, apagado, e assim por diante, o chamado CD-RW (Compact Disc Recordable Rewritable). Brincadeiras  à parte, hoje em dia os CDS são menos utilizados (e talvez por isso alguns realmente não estejam familiarizados com eles), e vão sendo cada vez mais substituídos por objetos menores e com maior capacidade (memória e reutilização), como os pendrives, e ainda mais recentemente, por nuvens
          Feitas as devidas apresentações, vamos ao que interessa. No mundo cada vez mais conectado e veloz, aprendemos de formas diferentes de como aprendíamos antigamente. As informações estão mais acessíveis e diversificadas. Embora existam alguns problemas relacionados a quem transmite essa informação, o que permite distorções e acréscimos e o surgimento das "fake news", o fato é que conseguimos agora fazer conexões mentais mais rápidas graças às toneladas de informações as quais temos acesso em um curto espaço de tempo. O google tira qualquer dúvida, imediatamente. Podemos relacionar um evento que acabou de acontecer na China, com a história do Brasil. Podemos falar da quebra de um paradigma histórico, baseado numa postagem de um cantor famoso. Podemos aprender uma coisa nova a cada dia, graças aos influenciadores digitais (alguns mais úteis que outros, na minha opinião). Comunicamo-nos imediatamente com pessoas que não vemos fisicamente há anos ("Carta? O que é isso?", diz a criança do futuro), e podemos trocar ideias, palavras de afeto ou de ódio nos milhares de fóruns da internet. Somos cada vez mais capazes de acessar diversas fontes de informações, acumular informações e eventualmente comunicar essas informações ao mundo. 
          Na academia, principalmente nas áreas relacionadas à formação de educadores, um tema muito discutido é a construção, desconstrução e reconstrução de saberes. Um ser humano tem uma rede de informações que são organizadas numa determinada forma na sua mente, e isso pode ser cimentado por muito tempo, ou constantemente reorganizado. Essa organização de informações é o saber, em palavras mais simples. No entanto, o saber não necessariamente é fixo. Quando aprendemos novas informações, estas podem ser anexadas ao conhecimento prévio, ou ela pode não se encaixar no mesmo; no segundo caso, o conhecimento precisa ser "destruído", para logo após ser reconstruído, desta vez de uma forma que a nova informação possa ser encaixada. Isso é aprendizado. Quando um saber/conhecimento estava por muito tempo sendo aceito por uma grande parte da população, tido como verdade e, após o surgimento de uma nova informação, o mesmo deixa de ter suporte teórico, isso pode ser chamado de uma quebra de paradigma. (Demais educadores, Psicólogos, Filósofos, caso eu tenha falado alguma besteira, sintam-se livres para me orientar na direção correta)
          O que isso tem a ver com o início do texto? Comparando-nos com CDs, vejo que muitas pessoas funcionam como CD-Rs. Uma vez estabelecidos os seus próprios paradigmas, estas pessoas se recusam a sequer olhar para o lado. Elas não conseguem adicionar ou substituir informações que compõem seus saberes. Vivem conforme essas "regras" estabelecidas, ou sofrem por querer olhar para o lado, sendo tolhidos por si mesmos ou por outros CD-Rs. Além disso, esses CD-Rs muitas vezes querem obrigar outras pessoas a seguir o seu padrão, as suas regras, e acabam por entrar em embates, às vezes inofensivos, às vezes perigosos. As pessoas CD-Rs permanecem na caverna, jamais questionam a realidade das coisas. 
         Já outras pessoas podem ser CD-RWs, e parece nelas haver uma facilidade maior em reorganizar seus saberes/conhecimentos, e assim lidam com novas informações de maneira mais lúcida. Aqui, as informações podem ser apagadas, substituídas, acrescentadas, dando uma nova forma ao saber. Pouco tempo atrás, pelo menos até onde eu sei, o adjetivo "desconstruído" passou a aparecer aqui e ali na internet, e eis aí os tais CD-RWs. Vou além: Se temos uma fonte aparentemente inesgotável de informações, por que não mudar também a nossa forma de pensar para "pendrives", ou "nuvens"? Na minha opinião, temos ferramentas mais do que suficientes para deixar de lado muitos paradigmas opressores e injustos, acabar com preconceitos e pensamentos mesquinhos. Infelizmente, ainda vejo uma grande multidão de CD-Rs, ditando as ordens e controlando a forma que "novos cérebros", discos em branco ou pouco preenchidos, devem pensar ou agir. Se queremos paz, por exemplo, o primeiro passo seria, na minha opinião, respeitar a forma de viver do outro, o histórico de construções e reconstruções que levou o outro até a forma presente.

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Disponível em: http://hgodinho.com/tag/desconstrucao/
Não estou defendendo que todos devem ser desprovidos de personalidade, e assim troquem seus saberes de 5 em 5 minutos, conforme cada nova informação que chega ao seu cérebro. Mas, sendo animais racionais como somos, tendo nas mãos tal miríade de informações, devemos ser capazes de apreciá-las e, quando prudente, desconstruir e reconstruir determinados saberes. Devemos ser "mídias" mais modernas, preparados para, pelo menos, discutir respeitosamente as informações que chegam até nós. Veja bem, discutir é sempre bom, obrigar os outros a seguir suas regras... NOT COOL! Não aceitar, não absorver e não mudar nunca, já não cabe mais no presente, quiçá no futuro. 




          Essa é a minha opinião, somente, fique à vontade para não adicioná-la aos seus saberes! 


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